top of page
P1400087.JPG

Fauna de Intervales

Mais de mil espécies da fauna nativa já foram registradas no Parque Estadual Intervales.

Dentre elas, há uma alta proporção de espécies exclusivas da Mata Atlântica (conhecidas pelos cientistas como endêmicas) e   ameaçadas de extinção. O PEI e o contínuo ecológico de Paranapiacaba representam, talvez, um dos últimos locais onde todas as espécies da fauna da Mata Atlântica que existiam antes da chegada dos portugueses, há mais de 500 anos, ainda podem ser encontradas. As principais ameaças à fauna do PEI são a extração de palmito, a caça e a mineração; a invasão por espécies exóticas como javalis e cães e as doenças transmitidas das espécies domésticas para os animais nativos também representam graves perigos.


O capítulo sobre fauna do Plano de Manejo do PEI apresenta a descrição detalhada do conhecimento acumulado para o parque e região.

Fauna e Flora: Bem-vindo

Flora - As florestas do Parque Estadual Intervales

As características observadas no Parque Estadual Intervales favorecem a ocorrência de florestas, genericamente denominadas Florestas Pluviais ou Florestas Ombrófilas Densas Atlânticas. Elas são florestas que se estabelecem sob climas variados, mais quente e úmido nas mais baixas altitudes e encostas voltadas para o Vale do Rio Ribeira e mais frio nas maiores altitudes e reversos da Serra de Paranapiacaba. Estas florestas são chamadas pluviais ou ombrófilas por desenvolverem-se sob climas úmidos, sem períodos de estiagem.

RECORTE DO CAPÍTULO 3 DO PLANO DE MANEJO DO PEI

3.2.1. VEGETAÇÃO, DENTRO DO CADERNO 2

As fotos e as referências bibliográficas podem ser acessadas no site da FF

3.2.1.4. DINÂMICA AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL INTERVALES E ENTORNO

A Serra de Paranapiacaba é parte do Complexo Cristalino, que ocorre ao longo da costa brasileira desde a Bahia até o Rio Grande do Sul, cujo embasamento é formado por rochas ígneas, principalmente o granito, e metamórficas, predominando o gnaisse, além de migmatitos, xistos, filitos, quartzitos, mármores e calcários, com rochas de 450 milhões a 3 bilhões de anos (Popp, 1987). Formada por elevações lentas no sentido vertical, esta serra é resultado do recuo das escarpas até uma centena de quilômetros da orla litorânea favorecido pela presença de filitos e xistos, que são rochas mais facilmente desgastadas pela ação erosiva das águas, compondo

escarpas, constituídas principalmente por granitos, e por cristas e relevos altos, sustentados por quartzitos e por calcários (Almeida, 1964).


Todo o litoral brasileiro está sujeito a correntes de ar provenientes do Oceano Atlântico, os ventos alísios, que sopram o ano todo carregados de vapor de água. Ao defrontar-se com as barreiras montanhosas, estas massas de ar sobem, resfriam-se e, por não conseguirem reter a quantidade de vapor de água que contêm, causam chuvas denominadas orográficas, isto é, devidas ao relevo montanhoso, ou há condensação de água, formando neblina, ultrapassando asserras com menor quantidade de água.


A ação de longo tempo do clima sobre as diferentes rochas existentes no PEI modelou os seus terrenos, que são constituídos por serras e morros altos, morros de topos convexos de diferentes alturas e planícies fluviais, que determinam estruturas diferentes à Floresta Ombrófila Densa.

As chuvas intensas, associadas à declividade acentuada do relevo, as temperaturas mínimas ocorrentes na região, além de ventos fortes excepcionais, são fatores que determinam alterações na estrutura da Floresta Ombrófila Densa, estabelecendo a abertura de clareiras de tamanhos diversos e permitindo o estabelecimento de espécies exigentes de luz.


A maioria da drenagem do Parque Estadual Intervales se dá em direção ao Rio Ribeira,destacando-se os rios dos Pilões, do Carmo, Etá, Forquilha e Quilombo, enquanto pequenos cursosde água drenam para a Bacia do Rio Paranapanema, no reverso da Serra de Paranapiacaba.


Algumas características locais são responsáveis por variações climáticas em pequena escala, ressaltando-se as relacionadas com as faces de exposição à radiação solar das montanhas, morros ou morrotes, mais frias quando voltadas para o sul e acentuadas nestas latitudes maiores, à ação de ventos, sendo os fundos de vales mais protegidos que os interflúvios e topos de montanhas, à presença de neblina nas cotas mais altas de altitude, capaz de aumentar a quantidade de água disponível, às drenagens, que favorecem maior umidade no solo e, em algumas circunstâncias, permitem a penetração de luz no interior das florestas nas suas margens e aquelas referentes a mudanças na temperatura, decorrentes de elevação altitudinal, quando há queda de aproximadamente 0,6°C na temperatura média anual, a cada 100m de elevação.


A ação do clima local atual e de climas do passado (paleoclimas), o material de origem, o relevo e a altitude, a ação de organismos e a idade do lugar, condicionam diferentes formações de solos (pedogêneses) (Bunting, 1971), com influências distintas dos processos físicos, químicos e biológicos, ao longo de períodos de tempo.

Das principais rochas cristalinas, o gnaisse apresenta grande variedade quanto à composição

mineralógica e à textura. Em geral originam solos ácidos, com teores elevados de areia grossa

em relação à areia fina, baixos teores de ferro e pobres em bases trocáveis, já na sua pedogênese

(Comissão de Solos, 1960).


Os granitos são rochas duras, de difícil decomposição, que dão solos firmes, com textura mais grosseira que os de gnaisse. Nas áreas de sua ocorrência são comuns os matacões, que são pedaços de rochas que se desprendem através da fragmentação.


Os calcários originam solos bastante férteis, pouco profundos, de cores vermelhas e com teores elevados de matéria orgânica, com pH neutro ou ligeiramente ácido e teores elevados de bases trocáveis. Estes solos suportam uma fisionomia da Floresta Ombrófila Densa que é distinta das demais, principalmente por serem mais abertas, menos desenvolvidas e serem compostas por grupo de espécies diferenciado daquele que forma as florestas sobre outro tipos de solos.


Os solos sob a vegetação na encosta atlântica têm importância mais relevante na capacidade de armazenamento de água e de suporte das espécies arbóreas de diferentes tamanhos, já que, na maioria, são pobres em bases trocáveis, lixiviados e ácidos, acarretando no desenvolvimento de sistemas radiculares superficiais, que tornam a ciclagem de nutrientes estocados na biomassa, através da decomposição da matéria orgânica na serapilheira, excepcionalmente eficiente (Meguro, 1987).


As características fisiográficas e dos climas observadas no Parque Estadual Intervales favorecem a ocorrência de florestas, genericamente denominadas Florestas Pluviais ou Florestas Ombrófilas Densas Atlânticas. Elas são florestas que se estabelecem sob climas variados, mais quente e úmido nas mais baixas altitudes e encostas voltadas para o Vale do Rio Ribeira e mais frio nas maiores altitudes e reversos da Serra de Paranapiacaba. Estas florestas são chamadas pluviais ou ombrófilas por desenvolverem-se sob climas úmidos, sem períodos de estiagem.


Nos topos de morros, sobre Solos Litólicos (Neossolos), ocorre uma floresta baixa chamada Mata Nebular (Klein, 1980) ou Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, assim denominada por encontrar-se constantemente envolta por neblina formada da condensação do vapor de água nas massas de ar resfriadas, pela ascensão às altitudes mais elevadas. É uma floresta que não apresenta árvores emergentes que se destaquem em sua fisionomia.


Em alguns topos de morros, sobre solos muito rasos, observam-se também savanas e campos naturais, com diversas espécies de Pteridophyta (Pityrograma calomelanos (L.)Link - Adiantaceae, Blechnum brasiliense Desv. - Blechnaceae, Lycopodiela cernua L. e Lycopodium thyoides Willd. - Lycopodiaceae), além de várias espécies de Gramineae, Cyperaceae, Ericaceae e Melastomataceae, entre outras famílias de plantas, cuja relação florística se dá com diversos tipos campos.

Estas formações compõem um gradiente formado desde os campos até as florestas altas,

conforme há o desenvolvimento dos solos.


A Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, ou Mata Nebular, é baixa, com densidade elevada de arbustos e árvores nanificadas, como a congonha (Ilex microdonta Reiss. - Aquifoliaceae), a carne-de-vaca (Clethra scabra Pers. - Clethraceae), o cinzeiro (Hirtella hebeclada Moric. Ex A.P.DC - Chrysobalanaceae), a gramimunha (Weinmannia paulliniifolia Pohl. - Cunoniaceae), a baga-de-pomba (Erythroxylum cuneifolium (Mart.)Schulz - Erythroxylaceae), a guaçatonga (Casearia sylvestris Sw. - Flacourtiaceae), o guaicá (Ocotea pulchella Mart. - Lauraceae), o gambazeiro (Abarema langsdorfii (Benth.)Barn.& Grime - Mimosaceae), a bracatinga (Mimosa scabrella Benth. - Mimosaceae), a pixirica (Miconia latecrenata (DC)Naud. - Melastomataceae), o guamirim (Gomidesia sellowiana Berg. - Myrtaceae), o cambu¡ (Myrceugenia euosma (Berg.)Legr. - Myrtaceae), o pinho-de-campo (Laplacea fruticosa (Schrad.)Kobuski - Theaceae) e a cascad ¢anta (Drimys brasiliensis Miers - Winteraceae).


No interior (submata) destas matinhas há grande quantidade de bromélias sobre os solos, que são importantes na ciclagem de nutrientes, já que os solos são rasos e não têm condições de retenção de nutrientes, de forma similar à observada nas florestas sobre as restingas litorâneas (Mantovani, 1992), onde as areias também não retêm nutrientes. A decomposição da matéria orgânica nos solos sob estas florestas situadas em topos de montanhas elevadas é lenta, devido às temperaturas mais baixas.


As Florestas Ombrófilas são mais desenvolvidas nos fundos de vales (Floresta Ombrófila Densa Baixo-Montana), onde os solos são mais profundos e os microclimas mais amenos do que nas médias encostas (Floresta Ombrófila Densa Montana), com árvores emergentes que atingem 30 a 40m de altura, abaixo das quais situam-se as copas contínuas daquelas que compõem o dossel, aproximadamente entre 20 e 25m de altura.


Fazem parte destes grupos de árvores o pau-pombo (Tapirira guianensis Aubl. - Anacardiaceae), a pindaíba (Xylopia brasiliensis Spr. _ Annonaceae), a peroba (Aspidosperma olivaceum M.Arg. - Apocynaceae), a mandioqueira (Didymopanax morototoni (Aublet)Dcne - Araliaceae), o grapiá (Apuleia leiocarpa (Vog.)Macbride - Caesalpiniaceae), a copaíba (Copaifera trapezifolia Hayne - Caesalpiniaceae), o jatobá (Hymenaea courbaril L. - Caesalpiniaceae), a canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.)Taub. - Caesalpiniaceae), o guapuruvu (Schizolobium parahyba (Vell.)Blake - Caesalpiniaceae), a sapopemba (Sloanea guianensis (Aubl.)Benth. - Elaeocarpaceae), o tapià (Alchornea triplinervia (Spreng.)M.Arg. - Euphorbiaceae), a licurana (Hieronyma alchorneoides Fr.All. - Euphorbiaceae), a guaçatonga (Casearia decandra Jacq. - Flacourtiaceae), o araribá (Centrolobium robustum (Vell.)Mart.ex Benth. - Fabaceae), a cabreúva (Myrocarpus frondosus Fr.All. - Fabaceae), o sacambú (Platymiscium floribundum Vog. - Fabaceae), o pau-sangue (Pterocarpus violaceus Vahl. - Fabaceae), a canela-branca (Nectandra leucothyrsus Meissn. - Lauraceae), a canela-preta (Ocotea catharinensis Mez. - Lauraceae), a canela-amarela (Ocotea diospyrifolia Mez. - Lauraceae), o jequitibá (Cariniana estrellensis (Raddi)Ktze. - Lecythidaceae), a pinha-do-brejo (Talauma ovata St.Hil. - Magnoliaceae), a canjerana (Cabralea canjerana (Vell.)Mart. - Meliaceae), o cedro (Cedrela fissilis (Vell.)Mart. - Meliaceae), a figueira (Ficus gomelleira Kunth et Bouch‚ - Moraceae), a bicuíba (Virola oleífera (Schott.)A.C.Smith. - Myristicaceae), o pau-marfim (Balfouroudendron riedelianum (Engl.)Engl. - Rutaceae), o camboatá (Matayba guianensis Aubl. - Sapindaceae) e a coerana (Chrysophyllum viride Mart.& Eichl. - Sapotaceae).


A complexidade estrutural das florestas mais desenvolvidas acarreta o estabelecimento de diferentes habitats no seu interior, permitindo a ocorrência de espécies diferentemente adaptadas. Por isto, na sua submata encontram-se espécies de árvores típicas, como a cortiça (Guatteria australis St.Hil. - Annonaceae), a almacega (Protium kleinii Cuatr. - Burseraceae), o coração-de-bugre (Maytenus alaternoides Reiss. - Celastraceae), o bacopari (Rheedia gardneriana Planch.& Triana - Clusiaceae), a laranjeira-do-mato (Actinostemon concolor (Spreng.)M.Arg. - Euphorbiaceae), o timbó (Dahlstedtia pinnata Malme - Fabaceae), a congonha (Citronella megaphylla (Miers.)Howard - Icacinaceae), o catiguá (Trichilia silvatica C.DC - Meliaceae), o ingá-feijão (Inga marginata Willd. - Mimosaceae), o ingá-ferradura (Inga sessilis (Vell.)Mart. - Mimosaceae), o guamirim (Calyptranthes concina DC - Myrtaceae), o Biguaçu (Eugenia umbelliflora Berg. - Myrtaceae), o guamirim-ferro (Gomidesia spectabilis (DC)Berg. - Myrtaceae), a garapurana (Marliera tomentosa Camb. - Myrtaceae), o carvalho (Roupala brasiliensis Kl. - Proteaceae), o pessegueiro-bravo (Prunus sellowii Koehne - Rosaceae), o carvoeiro (Amaioua guianensis Aubl. - Rubiaceae), o macuqueiro (Bathysa australis (St.Hil.)Hook. - Rubiaceae), a fruta-de-macaco (Posoqueria acutifolia Mart. - Rubiaceae), a mamoninha (Esenbeckia grandiflora Mart. - Rutaceae), o camboatá (Cupania oblongifolia Camb. - Sapindaceae), o guatambú-de-leite (Chrysophyllum marginatum (Hook.& Arn.) - Sapotaceae) e as palmeiras tucum (Bactris setosa Mart. - Arecaceae) e o palmiteiro (Euterpe edulis Mart. - Arecaceae).


Entre as arvoretas e arbustos, são comuns as pimenteiras (Mollinedia floribunda Tul., M. schottiana (Spreng.)Tul., M. triflora (Spreng.)Tul. e M. uleana Perk. - Monimiaceae), a baga-depomba

(Ardisia guianensis (Aubl.)Mez. - Myrsinaceae), o cambuim (Myrciaria floribunda (West ex

Willd.)Berg. - Myrtaceae), a canela-de-veado (Ouratea parviflora (DC)Baill. - Ochnaceae), a

pimenteira (Faramea montevidensis (Cham.& Schl.)DC - Rubiaceae), as grandiúvas (Psychotria

nuda Wawra e P. suterella M.Arg. - Rubiaceae), o café-do-mato (Rudgea jasminoides

(Cham.)M.Arg. - Rubiaceae) e a guaricana (Geonoma gamiova Barb.Rodr. - Arecaceae), além dos

fetos arborescentes (Alsophila corcovadensis Raddi e Cyathea schanchim Mart. - Cyatheaceae).


As plantas herbáceas formam coberturas mais ou menos densas, onde aparecem muitas espécies de Briophyta, Pteridophyta, Bromeliaceae, Commelinaceae, Cyperaceae, Gramineae e Maranthaceae.


Variações locais no substrato, como os afloramentos rochosos ou a existência de matacões, condicionam variações acentuadas na estrutura interna da floresta, que pode apresentar a sua submata mais ou menos densa.


Sobre os caules e ramos das árvores estabelecem-se epífitas e hemi-epífitas, dos gêneros Anthurium, Monstera e Philodendron (Araceae), Aechmea, Bilbergia, Nidularium, Tillandsia e Vriesia (Bromeliaceae), Rhipsalis (Cactaceae), Codonanthe e Nematanthus (Gesneriaceae), Catasetum, Encyclia, Leptotes, Liparis, Maxillaria, Octomeria, Oncidium e Pleurothallis (Orchidaceae), além de espécies de Lichenes, Briophyta e Pteridophyta.


Outros grupos de plantas que apresentam estratégias distintas de ocupação do espaço na floresta são as lianas, onde ressaltam espécies dos gêneros Condylocarpon, Forsteronia, Mandevilla, Peltastes e Temnadenia (Apocynaceae), Gonioanthela e Oxypetalum (Asclepiadaceae), Mikania (Asteraceae), Adenocalyma, Anemopaegma, Arrabidaea, Lundia e Pithecoctenium (Bignoniaceae), Dioscorea (Dioscoriaceae), Canavalia e Dioclea (Fabaceae) Hippocratea e Salacia (Hippocrateaceae), Banisteriopsis, Heteropteris e Tetrapterys (Malpighiaceae), Cissampelos (Menispermaceae), Passiflora (Passifloraceae), Securidaca (Polygalaceae), Rhaminidium (Rhamnaceae), Manettia (Rubiaceae), Serjania e Paullinia (Sapindaceae), Smilax (Smilacaceae).


Também as plantas escandentes, como dos gêneros Dalbergia e Machaerium (Fabaceae), as hemiparasitas Psittacanthus e Strutanthus (Loranthaceae) e Phoradendron (Viscaceae) e as reptantes dos gêneros Peperomia (Piperaceae) e Coccocypselum (Rubiaceae), têm formas de crescimento que favorecem a ocupação diferenciada do espaço.


As Florestas Ombrófilas Densas que se estabelecem sobre os solos formados de rochas calcárias apresentam porte inferior ao daquelas situadas sobre solos oriundos da decomposição de outras rochas. Geralmente são menos complexas estruturalmente e apresentam menor resiliência, ou capacidade de retorno ao seu estado primitivo após algum tipo de perturbação em sua estrutura ou após o corte raso para a prática de agricultura. As áreas de solos formados por rochas carbonáticas ou mármores situam-se nas mais altas altitudes do Parque, com predomínio no reverso da Serra de Paranapiacaba, coincidindo com região de transição de clima úmido para o clima mais seco, do interior do estado, e o clima mais frio, do Sul do Brasil, sendo formada por muitas espécies comuns à Floresta Estacional Semidecidual, característica do interior do estado.


Esta floresta, embora do mesmo domínio (Floresta Ombrófila Densa), tem características que a distingue das demais fisionomias encontradas no Parque, por sua composição florística, estrutura e funcionamento. É representada em grande extensão na região noroeste da PEI, formando um contínuo, com grau de preservação que não é encontrada em nehuma outra região do Estado de  São Paulo.


A área noroeste do Parque, por causa desta característica de transição entre diferentes climas (tropical úmido, estacional e temperado úmido) e domínios (Florestas Ombrófila Densa, Estacional Semidecidual e Ombrófila Mista), configura-se de particular relevância à conservação, porque apresenta composição em espécies que inclui representantes destes diferentes biomas.


Algumas características das drenagens do Parque Estadual Intervales determinam modificações na estrutura das florestas que ocorrem em suas margens, no caso de drenagens maiores, ou são sujeitas a alagamentos em períodos excepcionais, como ocorre nas planícies fluviais dispersas na sua área, principalmente nas extensas planícies do Ribeirão Turvo, nas áreas de Funil, Guapiruvú   Saibadela.


As florestas nas margens dos cursos d’água apresentam uma estrutura de submata muito mais densa, devido à penetração de luz neste ambiente, o que permite o desenvolvimento de grande quantidade de espécies de árvores, arbustos e ervas.


Quando situadas em terraços fluvias ou em planícies que em geral são sujeitas a alagamentos periódicos, a freqüência e a duração das cheias determinarão a ocorrência de espécies mais tolerantes, limitando e modificando a sua composição florística. Além disto, por causa da topografia plana, a estrutura da floresta é diferenciada, não permitindo a entrada de grande quantidade de luz difusa no seu interior, como se observa em florestas situadas em declividades acentuadas, porque as copas que compõem o dossel o fazem de forma mais densa.


As floras observadas nas florestas no Parque Estadual Intervales têm contribuições de diversas outras formações. Fora dos limites do Parque Estadual Intervales, no reverso da Serra de Paranapiacaba, extende-se até Capão Bonito o extremo norte do domínio da Floresta Ombrófila Mista ou a Floresta com Araucaria, que é uma formação dos climas temperados quentes e úmidos ou sub-tropicais úmidos do Sul do Brasil, com ocorrência desde o norte e nordeste do Rio Grande do Sul, passando por Santa Catarina e pelo centro-leste do Paraná, excetuando a faixa litorânea, de domínio das Matas Ombrófilas Atlânticas, vindo a reaparecer de forma descontínua nas altitudes mais elevadas da Serra da Mantiqueira, como em Campos de Jordão e Poços de Caldas (Klein, 1984).


Na planície costeira do Vale do Ribeira aparecem serras e morros isolados nos limites estabelecidos pelas Serras de Juréia/Itatins, ao norte do vale, e de Itaqueri, na divisa com o Estado do Paraná, sob o clima pluvial tropical (Af), que favorece o desenvolvimento das Florestas Pluviais Tropicais, com espécies que se distribuem desde o litoral norte do estado. Parque Estadual Intervales


Outra contribuição à composição em espécies destas florestas dá-se através das drenagens, notadamente para o Vale do Rio Paranapanema, cujas matas provavelmente continham espécies das Florestas Estacionais Semi-Decíduas do interior dos Estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, além daquelas das Bacias dos Rios Uruguai e Paraná.


As fisionomias da Floresta Ombrófila Densa, constituídas por diferentes grupos de espécies e apresentando dinâmicas funcionais relativamente distintas entre si, compõem um mosaico mais ou menos denso de diferentes ecossistemas, ampliando a diversidade nos níveis beta, que se relaciona às variações no espaço horizontal, e gama, que se refere à diversidade em paisagens, o que, somado à elevada diversidade estrutural (diversidade alfa) que esta floresta apresenta, ampliam a diversidade biológica que contém.

Fauna e Flora: Bem-vindo
bottom of page