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Lá por 1991…

Juan Carlos Guix

Até o ano de 1991, o núcleo do Parque Estadual Intervales (na época “Fazenda Intervales”) era completamente desconhecido pelos pesquisadores. Assim sendo, um grupo formado por técnicos e gestores da Fundação Florestal e pesquisadores do Brasil e da Catalunha, resolvemos organizar uma primeira viagem de reconhecimento científico a estas zonas desconhecidas da Fazenda Intervales. Depois de muitos preparativos, esta viagem acabou sendo realizada no período de 4 a 16 de outubro de 1991 e vários dos atuais monitores, vigilantes e guarda-parques que vocês conhecem também participaram. De fato, eles eram os únicos que conheciam estas zonas e foram de grande ajuda para nós, pesquisadores e gestores.

Esta primeira viagem foi feita quase toda a pé, partindo da Base do Carmo, passando pelo Rancho Queimado, Barra Grande, Galo Perdido, São Pedro, Limão, Guapiruvu e Saibadela e mais tarde também o Funil. O trecho mais difícil foi sem dúvida entre o Limão e o Guapiruvu, pois tivemos que percorrê-lo por diversos espigões da serra. Também foi onde encontramos as matas mais bem preservadas da região.

Durante esta travessia, acampamos no São Pedro (não havia uma base de vigilância lá nesta época) e exploramos esta zona durante vários dias. Para tal, organizamos alguns subgrupos, um para fazer levantamento de aves, outro para detectar macacos, outro para fazer levantamentos botânicos, etc. No final do dia, quando retornávamos ao acampamento, com frequência constatávamos que o grupo das aves havia observado macacos, o grupo dos macacos encontrava as aves mais raras e os botânicos às vezes viam um pouco de tudo, mas não conseguiam localizar as árvores que procuravam. Assim sendo, resolvemos misturar todos os pesquisadores e fazer novos subgrupos.

Felizmente, ao final da viagem obtivemos bons resultados. Entre eles, conseguimos detectar algumas das espécies aves que eram praticamente desconhecidas na época, como a tovaca-cantadora (Chamaeza meruloides) e localizamos os primeiros núcleos de jacarés-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) na base da Serra de Paranapiacaba. Também vimos macacos e os botânicos puderam fazer os primeiros perfis de vegetação na região.

Mas o principal foi que aprendemos uma grande lição na Intervales: devido à megadiversidade da Mata Atlântica, às vezes você sai procurando ver umas plantas e uns bichos e acaba encontrando outros... Para aprender sobre as coisas do mato é preciso ser humildes e ter os sentidos e a mente abertos para as surpresas que possam surgir!

Lá por 1991…: Bem-vindo
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