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Ornitólogos, ornitófilos e ornitólatras

Juan Carlos Guix

Nestes anos todos de incursões nas matas da Intervales, muitas vezes tive a companhia de diversas pessoas interessadas em ver aves. Muitos ornitólogos, especializados em diferentes ramos do estudo das aves, e também vários ornitófilos, pessoas que simplesmente disfrutam vendo aves. Alguns deles em situações bastante surreais!

Em 2017 o nosso amigo Faustino acompanhou dois observadores de aves dos Estados Unidos. Era um casal residente em Nova Iorque. Boa gente! Amáveis, simpáticos e bons companheiros de mato. Eles estavam começando a aprender a identificar as espécies que ocorrem no parque e o Faustino ia localizando e indicando as aves para eles. Às vezes o Alejandro, o Faustino, eles e eu coincidíamos num mesmo lugar, no Carmo ou na Trilha do Mirante. Com o tempo fomos entrosando e trocando experiências, uma das coisas que há de mais legal no parque.

Eles eram muito divertidos mesmo! A moça ornitófila sempre levava para o mato um livrinho de tradução de frases do inglês para o português e aí ela indicava, num português bastante macarrônico, o que ela queria expressar. Ela fazia questão de falar um pouco de português e isso tem muito mérito, considerando que eram turistas que só ficaram algumas semanas no Brasil.

O que ela mais falava para o Faustino era: “quero ver esta espécie...quero ver esta outra... quero, quero...” Sempre com um sotaque ianque que dificultava muito a compreensão. O companheiro dela... a mesma coisa. De tanto a gente ouvir os dois falarem quero, quero, quero... o dia inteiro no mato, eu acabei “batizando” eles de “o casal de quero-queros”. Mas eles eram mesmo divertidos e estavam muito interessados na conservação da Mata Atlântica!

Também coincidi com alguns observadores de aves que eu chamo de “ornitólatras”. Trata-se de um tipo de “birdwatchers” que normalmente vão para o mato com umas metas muito rígidas e ambiciosas onde, quanto mais espécies de aves avistarem, melhor. Para isso levam os seus “checklists” e vão colecionando avistamentos como se fosse uma competição. De fato, muitos desses “ornitólatras” colecionam mesmo números de avistamentos de aves por todo o mundo. Quando eles me acompanhavam eu tentava explicar outras coisas interessantes para eles, como o estado de conservação de cada espécie, o que elas comem, etc., mas não queriam saber de nada mais que ver outras espécies que constavam nas suas listagens. No final, sempre que podia eu fugia deles...

Ornitólogos, ornitófilos e ornitólatras: Bem-vindo
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